Festival

URANIUM FILM FESTIVAL

Entre 21 e 28 de maio de 2011, o Bairro Santa Teresa, no Rio de Janeiro, recebeu o URANIUM FILM FESTIVAL - 1º Festival Internacional de Filme sobre Energia Nuclear - Urânio em Movi(e)mento. "O festival atraiu diretores de filmes, cientistas e ativistas de vários países do mundo, como o autor e cientista David Fig", informou Márcia Gomes de Oliveira, a co-diretora do festival. Ela recebeu mais de 40 filmes internacionais, documentários de curta e longa metragem sobre o ciclo nuclear de todos os continentes. Também chegaram filmes nacionais como PEDRA PODRE, de Walter Behr, Eve Lise Silva, Ligia Girão e Stela Grisotti sobre as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. Neste festival, aconteceu também a première mundial do sobre a mineração de urânio em Caetité-BA.

A co-diretora do festival diz mais: "Vivemos num momento de grandes mudanças mundiais. A questão da energia é fundamental para a sobrevivência das sociedades e da vida de nosso planeta. O festival foi uma semana de reflexão sobre a política nuclear no mundo e no Brasil." O Governo Dilma Rousseff anunciou a construção de até 50 usinas nucleares no Brasil e isto precisa de uma discussão, uma participação da sociedade brasileira.

O 1º Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear aconteceu no Rio de Janeiro, em maio, e realizou MOSTRAS ITINERANTES em São Paulo (junho 2011) e em Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza (entre 11 e 27 de agosto de 2011). Entre os filmes selecionados para o festival estão CÉSIO 137, do cineasta baiano Roberto Pires, e o curta documentário CÉSIO 137, O BRILHO DA MORTE, produzido pela viúva do cineasta, Laura Pires.

URANIUM BA

Convidados, pela coordenação do festival carioca, a produzir uma mostra itinerante na Bahia, o Programa MEMÓRIA ROBERTO PIRES reuniu uma rede de parceiros para tornar isso possível. A Cambuí Produções, junto com a Iglu Filmes, Fórum Pró-Cidadania e Instituto de Permacultura da Bahia resolveram topar o desafio e realizar o projeto 1º FESTIVAL INTERNACIONAL DE FILMES SOBRE ENERGIA NUCLEAR – MOSTRA BAHIA.

A MOSTRA URANIUM BAHIA acontecerá entre os dias 27 e 30 de setembro de 2011, em diferentes salas de exibição de Salvador. A programação terá curtas e longas-metragens, do Brasil e exterior e consiste em sessões para diferentes tipos de públicos, sempre com o objetivo de promover o debate sobre às questões ligadas a energia nuclear.

Além das sessões de filmes e debates, o projeto também prevê a realização de uma EXPOSIÇÃO com fotos, matérias de jornal, trechos de roteiro e estudos produzidos pelo cineasta Roberto Pires sobre o tema: ENERGIA NUCLEAR. A EXPOSIÇÃO MÃOS DE CÉSIO, lançada durante do Festival no Rio de Janeiro, também está prevista na programação da Mostra.

ROBERTO PIRES E A ENERGIA NUCLEAR

Roberto Pires, cineasta pioneiro no cinema de longa-metragem baiano, desde o final da década de 1970, militava contra a energia atômica e seus malefícios. Para tanto, o cineasta se uniu ao cientista Cesar Lattes para entender melhor a energia nuclear e como combatê-la. O diretor realizou documentários sobre o tema, além da ficção científica "Abrigo Nuclear" (lançado em 1981), ao mesmo tempo em que o governo militar anunciava a construção das usinas de Angra.  Para "Abrigo Nuclear", Roberto Pires chegou a construir um estúdio com material reciclável que simulava todo o abrigo. Na década de 1980, o diretor se muda com sua família para Brasília com o objetivo de realizar o projeto do filme "Inverno Nuclear". O roteiro do filme previa uma nuvem nuclear que faria nevar em Brasília, infelizmente, o projeto não foi aprovado e acabou sendo arquivado.

Ainda com a energia nuclear na cabeça, Roberto Pires não perdeu tempo quando soube do acidente radiológico ocorrido em Goiânia, em 1987. O acidente com o césio - e suas milhares de vítimas - é a maior tragédia radioativa acontecida no Brasil. O cineasta foi até a cidade para ter contato e entrevistar os sobreviventes da radiação do Césio 137. O diretor conseguiu o financiamento de um empresário de Goiânia e gravou grande parte do filme na cidade satélite de Guará, no Distrito Federal, onde morava na época. Com um roteiro que buscou ser fiel aos fatos, em 1990, foi lançado o filme "Césio 137 - O pesadelo de Goiânia". No mesmo ano, o filme levou seis candangos no Festival de Brasília, demonstrando não só a sua força como registro da tragédia, mas também como excelente obra cinematográfica. Até hoje, o filme serve como referência para escolas e movimentos ecológicos.

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Em 2001, Roberto Pires morre vítima de um câncer, que se acredita ter sido contraído quando o cineasta resolveu filmar sozinho o local onde foi encontrada a cápsula radioativa de césio, no antigo aterro de lixo hospitalar, em Goiânia.

Nada mais justo e oportuno do que homenagearmos este grande cineasta, no ano em que se completa 10 anos de sua morte. O 1º FESTIVAL INTERNACIONAL DE FILMES SOBRE ENERGIA NUCLEAR – MOSTRA BAHIA pretende acontecer na última semana de setembro, data em que se comemora o aniversário de Roberto Pires (29 de setembro de 1934).

No ano em que se comemoram os 25 anos do acidente nuclear de Chernobyl, maior desastre nuclear da história, e com toda a discussão em torno dos últimos acontecimentos no Japão, o Festival pretende informar a sociedade e estimular produções independentes audiovisuais sobre a temática da energia nuclear e todo o ciclo nuclear, os riscos da radioatividade e especialmente sobre a exploração, mineração e o processamento de materiais radioativos, que acontecem com muita freqüência, ainda hoje em todo o mundo.

Assim, solicitamos a sua colaboração para possibilitar trazer para a Bahia um Festival tão importante e urgente, no que diz respeito à sua temática.

A partir deste primeiro festival, em Salvador, pretendemos buscar patrocínios para que em 2012 possamos viajar pelo interior da Bahia levando a temática para cidades que sofreram com a exploração indevida dos recursos ambientais, como cidades do Recôncavo Baiano, da Chapada Diamantina, além de Caetité.